"No próprio dia da batalha, as verdades podem ser pinçadas em toda a sua nudez, perguntando apenas;
porém, na manhã seguinte, elas já terão começado a trajar seus uniformes."

(Sir Ian Hamilton)



domingo, 4 de fevereiro de 2018

A DIVIDIDA ESTRUTURA DE COMANDO DA COMPANHIA DAS ÍNDIAS OCIDENTAIS

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Por se tratar de uma companhia comercial paramilitar, com objetivos de colonização e geração de lucros, a Companhia das Índias Ocidentais (WIC) possuía uma cadeia de comando bastante diferente da praticada pelos portugueses. Era dirigida pelo Conselho dos XIX, composto por dezenove diretores, representantes das Câmaras de Amsterdã, Zelândia, Mosa, Holanda do Norte, Groningen e Frísia e um designado pelos Estados Gerais.

Para administrar a Nova Holanda, a WIC estabeleceu o cargo de governador, geralmente ocupado pelo militar com maior posto, e instituiu o Colégio de Conselheiros Políticos, constituído por conselheiros civis nomeados pela Companhia para administrar a nova colônia. Durante o período das invasões holandesas no Brasil, o número de integrantes desse colegiado variou entre três e cinco membros. Apesar de dispor dessa administração colonial, o Conselho dos XIX preocupava-se com possíveis ímpetos de independência ou rebelião entre os comandantes militares da Companhia e, por essa razão, atribuía maiores poderes ao Conselho Político do que ao próprio governador, dividindo hierarquicamente suas forças no Brasil e subordinando o poder militar ao poder político. Essa disposição pode ser exemplificada pela cadeia de comando da WIC por ocasião da invasão a Pernambuco, em 1630. O almirante Lonck, autoridade militar de maior posto, foi nomeado para o governo, mas foi organizado o Conselho Político composto por Johan de Bruyne, Philips Serooskerken e Horatio Calendrini, que limitava sua autoridade do governador e tinha a prerrogativa de aprovar ou não seus atos. Mais tarde, com o retorno do almirante Lonck para a Holanda, assumiu o cargo de governador o coronel Waerdenburch, que, pouco tempo depois, foi também nomeado como membro do Conselho Político. No decurso dos meses de 1630, o Conselho Político recebeu mais dois integrantes: os comissários Johannes van Walbeeck e Servatius Carpentier. Apesar de sua condição de conselheiro, a autoridade de Waerdenburch permaneceu afeta aos assuntos militares e, na prática, os conselheiros civis é quem governavam efetivamente a colônia.


Almirante Hendrick Lonck, comandante da invasão a Pernambuco.

O Coronel Waendemburch sucedeu o Almirante Lonck no governo da Nova Holanda.
 
Com tamanha divisão entre os poderes político e militar, a relação entre os comandantes militares e os conselheiros civis da WIC não poderia ser das mais amistosas, sendo frequentes os atritos entre os dois segmentos. Uma dessas tensões ocorreu em 1633, quando o coronel Waerdenburch, já de retorno à Holanda, ficou furioso ao tomar conhecimento de uma carta escrita pelos conselheiros Mathias van Ceulen e Johann Gijsselingh para a Câmara da Zelândia, reclamando do baixo desempenho das tropas do coronel contra os portugueses na conquista de Pernambuco.


Sede da Companhia das Índias Ocidentais em Amsterdã.

 

No intuito de manter o controle civil sobre as operações militares, um dos conselheiros passou a acompanhar as tropas da WIC nas principais expedições e operações de sítio, para que os comandantes militares não tentassem realizar nenhuma ação sem o prévio consentimento do Conselho Político. Outro conselheiro ficou encarregado de providenciar o abastecimento e o suprimento das tropas. Dessa forma, o Conselho Político exercia o controle sobre as operações e sobre a logística das forças militares da WIC.

Conheça essa e outras histórias lendo
"A guerra do açúcar: as invasões holandesas no Brasil"

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