"No próprio dia da batalha, as verdades podem ser pinçadas em toda a sua nudez, perguntando apenas;
porém, na manhã seguinte, elas já terão começado a trajar seus uniformes."

(Sir Ian Hamilton)



quarta-feira, 31 de maio de 2017

CONSULADO DA RÚSSIA HOMENAGEIA VETERANOS DE GUERRA EM EVENTO NO RIO DE JANEIRO

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Um perdeu os pais aos quatro anos, mortos de fome. Outro se voluntariou para guerra em nome de seu povo judeu massacrado. O terceiro foi convocado e viu colegas perecerem em batalha. Estas são histórias de veteranos da 2ª Guerra Mundial, que foram homenageados hoje no Consulado Geral da Rússia no Rio de Janeiro pela comemoração do Dia da Vitória.

O evento foi organizado pelo cônsul geral da Rússia no Rio, Vladimir Tokmakov e recebeu representantes da Associação dos Veteranos do Brasil e da Prefeitura do Rio de Janeiro. No evento, Tokmakov leu aos presentes uma mensagem do presidente russo, Vladimir Putin a dois ex-combatentes brasileiros e dois russos.

"[A Segunda Guerra Mundial]" nos mostrou as consequências monstruosas da violência e da intolerância racial, do genocídio e do tratamento degradante ao homem […]. A União Soviética perdeu naquele ano mais de 30 milhões de seus cidadãos. Entre os soldados caídos nos campos de batalha, havia pessoas de todas as realidades. A tristeza passou por todas as casas e todas as famílias. Respeitaremos aqueles que sacrificaram suas próprias vidas naquela ocasião, quem combateu e quem trabalhou na retaguarda", declarou Tokmakov durante o evento.

O cônsul também leu uma mensagem enviada pelo presidente Putin, que congratulou os veteranos, os agradeceu por garantirem "o céu livre sobre nossas cabeças" e disse que o povo russo "sempre comemorará a façanha da vitória e lembrará o mês de maio triunfal de 1945". Putin recordou a honrosa colaboração também dos que pereceram e enviou uma carta oficial com um selo em homenagem aos presentes.

Participaram os veteranos russos Tamara Souza e Eduardo Yaskevich e os brasileiros Carlos Henrique Bessa e Israel Rosental.


Declaração emocionada

Ao receber a homenagem, o veterano Carlos Henrique Bessa pediu a palavra. Médico convocado ao conflito, Bessa serviu no norte da Itália junto aos combatentes brasileiros. A localização era estratégica e impediu que os alemães continuassem explorando a região, especialmente os setores de agricultura e munição.

"Cada palavra que trazem a nós, veteranos, devemos transferir, uma por uma, àqueles que tombaram e que perderam a juventude e o resto da vida para que nós pudéssemos estar aqui hoje", afirmou Bessa.

O Brasil foi o único país da América Latina a participar ativamente dos combates na Segunda Guerra (ou Grande Guerra Patriótica, como chamam os russos). Estima-se que pelo menos 471 soldados brasileiros morreram no conflito.

Fonte: Sutniknews

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sábado, 27 de maio de 2017

O HEROÍSMO DOS ATIRADORES ARGELINOS NA BATALHA DE FROESCHWILLER

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Por Renato Coutinho

"Nós vamos todos morrer aqui, se necessário for!" 
Coronel Pierre François Jean Raphael Suzzoni 
(comandante do 2º Regimento de Atiradores Argelinos em 1870).


Guerra Franco-Prussiana, agosto de 1870, França invadida. Batalha de Froeschwiller/Wörth (6 de agosto de 1870): 37.000 soldados e oficiais franceses, apoiados por 101 canhões, enfrentam 81.000 soldados e oficiais prussianos, bávaros e de Württemberg, com 300 canhões. Os militares franceses combateram com uma tenacidade fora do comum naquele dia, lutando em grande desvantagem numérica e enfrentando o devastador fogo da artilharia prussiana, superior em quantidade e qualidade. Aliás, diga-se de passagem, a artilharia prussiana salvou o dia, pois as brigadas e divisões de infantaria germânicas foram repelidas com muitas baixas sofridas nas primeiras três horas de batalha. 

Vários regimentos de infantaria de linha franceses lutaram muito bem. Muitos batalhões de Caçadores a Pé, quase todos, combateram muito bem (alguns combateram de modo extraordinário), mas o grande destaque foi para os três regimentos de Zuavos e os três regimentos de Atiradores Argelinos. Eles simplesmente combateram como demônios, lutando com ferocidade e tenacidade raramente observadas em um campo de batalha, pagando preço altíssimo pela resistência incrivelmente tenaz.

O 2º Regimento de Atiradores Argelinos foi a unidade francesa que sofreu maior número de baixas naquele dia. Esse regimento de infantaria de elite foi praticamente destruído. Durante quase seis horas de intenso combate, defendendo parte de uma floresta logo abaixo da vila de Froeschwiller, o 2º de Atiradores Argelinos primeiro derrotou e repeliu uma brigada de Infantaria da Bavária, com três regimentos de infantaria, contra-atacando ferozmente com carga de baioneta depois de violento e demorado tiroteio, colocando os bávaros em fuga acelerada. Em seguida, derrotou e repeliu uma brigada de Infantaria da Prússia, também com três regimentos de infantaria, novamente contra-atacando ferozmente com baionetas após sangrento e demorado tiroteio. 

"Nós vamos todos morrer aqui, se necessário for!", bradou o Coronel Pierre François Jean Raphael Suzzoni, comandante do 2º Regimento de Atiradores Argelinos, antes de perder a vida na batalha


Antes que a brigada prussiana entrasse em contato com seu regimento, o Coronel Suzzoni proferiu a arrepiante frase que aparece no topo do texto:

- "Nós vamos todos morrer aqui, se necessário for!"

O devastador fogo da artilharia prussiana causou muitas baixas no regimento durante o ataque da infantaria prussiana, e não cessou com o recuo da brigada prussiana.

Às 14:30h, Suzzoni foi morto ao ser atingido por um estilhaço de projétil de artilharia prussiano. A batalha continuou. Regimentos das duas brigadas germânicas que foram repelidas, mais uma descansada brigada de infantaria prussiana, lançaram novo ataque com enorme apoio da precisa artilharia prussiana. 

O 2º Regimento de Atiradores Argelinos resistiu durante mais 55 minutos antes de praticamente deixar de existir. O regimento foi flanqueado por ambos os lados e quase completamente cercado. Os militares deste regimento não arredaram, não perderam a coesão, não entraram em pânico, não tentaram correr e combateram até o amargo fim.

Atirador argelino na Guerra Franco-Prussiana.  Durante a Batalha de Froeschwiller, os homens do 2º Regimento lutaram como leões e a unidade sofreu 93% de baixas.

"Estávamos em um círculo de ferro e fogo", disse um atirador argelino. Quase todos os oficiais do regimento tombaram mortos ou feridos. O 2º Regimento de Atiradores Argelinos iniciou a batalha com 2.900 militares, oficiais e praças, e terminou o dia com apenas 250 homens aptos para o combate (esses 250 conseguiram escapar do cerco sob o comando de um capitão do regimento). O regimento sofreu 2.650 baixas, aproximadamente 93% de seu efetivo.


O capitão Henry Arthur Viénot foi o oficial mais antigo a sobreviver à batalha, e liderou os 250 homens remanescentes do regimento

Se o feito e o oficial protagonista fossem norte-americanos, britânicos ou alemães, e o combate tivesse acontecido no século XX, principalmente durante a 2ª Guerra Mundial, (aparentemente, a história militar se resume ao século XX), seria um feito de armas muito mais conhecido, admirado e lembrado e, provavelmente, já teria virado filme. Porém, como o combate não ocorreu no século XX e teve militares franceses como protagonistas, desses que se rendem após o primeiro disparo (o estereótipo idiota que predomina na internet), quase ninguém conhece essa batalha e número ainda menor conhece esse combate em particular. 

Poucos já ouviram falar ou leram sobre os soldados franceses que combateram como leões na Batalha de Froeschwiller. Raramente são lembrados fora da França.

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quinta-feira, 25 de maio de 2017

V ENCONTRO DE ESCRITORES E JORNALISTAS DE AVIAÇÃO

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Na próxima semana participaremos do V Encontro, organizado pela Associação dos Pioneiros e Veteranos da Embraer, em São José dos Campos-SP.

O editor do Blog Carlos Daroz-História Militar participará do debate “Produção e comercialização de livros no Brasil”, junto com feras como Ozires Silva, fundador da EMBRAER, Mario Vinagre, Rudnei Dias da Cunha, Leandro Casella e Edvaldo Pereira.

A mesa redonda debaterá a comercialização de livros no Brasil, os caminhos da produção literária, os obstáculos a serem enfrentados e quais são as opções disponíveis no mercado atual.

Com mediação de Claudius D’Artagnan C. Barros, o debate acontecerá no dia 2 de junho, sexta-feira, das 16h30 às 18h, no V Encontro de Escritores e Jornalistas de Aviação.

Além disso, disponibilizaremos os nossos livros para venda.

Confira a programação do encontro.




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sábado, 20 de maio de 2017

ISRAEL DESCLASSIFICA MILHARES DE DOCUMENTOS DA GUERRA DOS SEIS DIAS

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Israel desclassificou nesta quinta-feira milhares de documentos oficiais que datam da Guerra dos Seis Dias e que relatam as discussões das autoridades israelenses sobre o futuro da Cisjordânia, cuja ocupação há 50 anos é o centro do conflito entre israelenses e palestinos.


Os arquivos nacionais israelenses publicaram milhares de documentos, gravações e depoimentos da guerra de 5 a 10 de junho de 1967, bem como das semanas anteriores e seguintes.  No final do conflito, que opôs Israel ao Egito, Jordânia e Síria, o Estado judeu ocupou a Cisjordânia, Gaza, Jerusalém Oriental, as Colinas de Golã e a Península egípcia do Sinai.

A publicação das atas do “gabinete de segurança” israelense permite o acesso inédito a informações sobre esta guerra, que já é alvo de muitas pesquisas e trabalhos históricos.

Em 15 de junho de 1967, cinco dias após o fim da guerra, os ministros do gabinete de segurança discutiram as diversas opções para os territórios ocupados. O ministro das Relações Exteriores da época, Abba Eban, alertou para um potencial “barril de pólvora” e os riscos da ocupação israelense da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, manifestando os termos de um debate que ainda divide a sociedade israelense.

Aqui temos a presença de duas populações, uma se beneficia de todos os direitos civis e a outra tem todos esses direitos negados”, declarou Eban em um trecho publicado pela imprensa israelense.

É um quadro com duas classes de cidadãos que é difícil de defender, mesmo no contexto da história judaica. O mundo tomará partido do movimento de libertação deste um milhão e meio de palestinos", acrescentou.

De acordo com os documentos liberados, o primeiro-ministro Levi Eshkol cogitou enviar a população árabe para o Brasil

A possibilidade de transferir os palestinos para outro país foi avaliada durante a reunião do gabinete de segurança. O primeiro-ministro Levi Eshkol disse: “se dependesse de nós, gostaríamos de enviar todos os árabes para o Brasil”.

Ao que o ministro da Justiça, Yaacov Shimshon Shapira, objetou: “Eles são os habitantes desta terra e agora vocês os controlam. Não há nenhuma razão para expulsar os árabes e transferi-los para o Iraque”.

E Lévi Eshkol respondeu: “Não seria um grande desastre (…) Nós não nos infiltramos aqui, o território de Israel é nosso por direito”.

Estes documentos permitem também acompanhar a evolução moral do governo durante a guerra, o medo por sua explosão, a euforia após a destruição da força aérea egípcia e as vitórias israelenses nas frentes jordaniana e síria.

Fonte: Isto é

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sexta-feira, 19 de maio de 2017

CONFERÊNCIA NO IGHMB: "OS GAVIÕES DE PENACHO: A AVIAÇÃO CONSTITUCIONALISTA NA REVOLUÇÃO DE 1932"

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Caros amigos e amigas,

No próximo dia 23 de maio (3ª feira), às 14:30h, apresentarei no Instituto de Geografia e História Militar do Brasil a conferência

"OS GAVIÕES DE PENACHO: A AVIAÇÃO CONSTITUCIONALISTA NA REVOLUÇÃO DE 1932".

Vocês são meus convidados. Entrada franca. 

O Instituto de Geografia e História Militar do Brasil fica na Casa Histórica de Deodoro, Praça da República nº 197, Centro, Rio de Janeiro-RJ.


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REALIZADO O I ENCONTRO DO LABORATÓRIO DE HISTÓRIA MILITAR E FRONTEIRAS DA UNIVERSO

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Realizou-se no dia 18 de maio o I Encontro do recém-criado Laboratório de História Militar e Fronteiras da Universidade Salgado de Oliveira, com a mesa redonda "Dimensões da História Militar".

Na oportunidade, além de questões epistemológicas, os professores participantes da mesa apresentaram suas pesquisas em andamento.

- Prof. Jose Miguel Arias Neto, "A imprensa militar no Brasil e na Argentina no século XIX".

- Prof. Francisco Eduardo Alves de Almeida, "A Divisão Naval de Operações em Guerra".

- Prof. Carlos Daroz, "Trincheiras de papel: a Revolução de 1932 nas páginas dos jornais".

- Prof. Fernando Rodrigues, "Procurando a agulha no palheiro certo: a pesquisa nos arquivos militares".

Está programado para o segundo semestre o segundo encontro, que abordará a guerra nas Américas.

Algumas imagens do evento:




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quarta-feira, 17 de maio de 2017

FORTALEZA DE MALACA

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A Fortaleza de Malaca localizava-se na cidade de Malaca, na Malásia. A estrutura que em nossos dias é denominada como "A Famosa" (em malaio, "Kota A Famosa") foi em tempos a Porta de Santiago. Esta era uma das antigas portas que se abriam da muralha para a cidade, defendida pelo baluarte de mesmo nome, voltado para o mar, que ali chegava à época.

Em sua origem, "A Famosa" era o epíteto da primitiva torre, erguida por Afonso de Albuquerque quando da conquista da cidade em 1511, mas que foi severamente danificada quando do cerco de 1640-1641, e que culminou com a conquista da cidade pelos holandeses.


"Fábrica da Cidade de Malaca: intramuros. Anno 1604.", por Manuel Godinho de Erédia. Em primeiro plano no interior da cerca, a torre de Albuquerque, "A Famosa".


Constituindo-se em um portal de entrada para o comércio com a China e o Extremo Oriente, Malaca foi o local para onde o comércio islâmico se voltou, após ser expulso do Oceano Índico pelas armadas de Portugal. No século XVI, este dinâmico entreposto contava com uma população estimada de 100 mil habitantes, defendido por um exército que ascendia a 30 mil homens. Pelo seu porto passavam os navios que exploravam as ilhas da atual Indonésia e dele teria partido a nau de Cristóvão de Mendonça que, de acordo com as "Décadas da Ásia", do cronista João de Barros, e a análise de oito cartas náuticas francesas da chamada "Escola de Dieppe" (a mais antiga das quais datada de 1536), teria sido o primeiro europeu a chegar à Austrália.

O primeiro contato entre Portugal e Malaca foi estabelecido por Diogo Lopes de Sequeira em 1509. Pouco depois, em agosto de 1511, foi conquistada pelo segundo Vice-rei do Estado Português da Índia, Afonso de Albuquerque, à frente de 17 navios e uma força de 1.200 homens que derrotou as forças do sultanato local. Albuquerque compreendeu que a cidade poderia representar uma importante ligação portuária para o comércio com a China, e de Malaca enviou mensageiros aos reinos do Sião, do Pegu (Burma), às Molucas e à própria China. No mesmo período, outros portugueses estabeleciam feitorias em lugares como Goa e Macau, a fim de criar uma sequência de portos amigáveis para as trocas comerciais luso-chinesas.
 

A fortificação portuguesa

Dando cumprimento às ordens régias de D. Manuel I (1495-1521), Albuquerque iniciou a construção de uma fortificação em posição dominante no alto de um monte, local onde antes se erguia a mesquita da cidade, empregando pedra retirada deste e de outros edifícios religiosos, bem como dos túmulos dos antigos sultões, além de pedra importada de zonas vizinhas, uma vez que em Malaca ela não existia.

A "Fermosa" ou "Famosa", como é designada em alguns textos do primeiro quarto do século XVI, foi erguida por Tomás Fernandes, e constituía-se primitivamente em uma torre assobradada de quatro pavimentos, servindo de residência ao capitão da praça, envolvida por um muro.

O seu primeiro capitão, Rui de Brito Patalim, tomou a seu cargo as obras de ampliação dessa estrutura, acrescentando mais um pavimento à torre. Agora com cento e trinta palmos de altura servia como atalaia, permitindo descortinar o horizonte por detrás da colina da cidade. Esta estrutura resistiu aos ataques e cercos de Malaios, Achéns e Bugis em 1551, 1568, 1575 e 1586. Entretanto, como as demais fortificações em estilo manuelino no Oriente, revelou-se ineficaz ante a artilharia de origem turca que o Sultanato de Achém, principal rival dos portugueses na região, passou a empregar a partir da década de 1560.

Por essa razão, uma nova cerca, em pedra, começou a ser erguida envolvendo a cidade, a partir de 1564. Em 1568, data de um dos raros desenhos quinhentistas de Malaca que chegaram até nós, não estava ainda concluída, sendo parte de sua extensão ainda em madeira. "A Famosa" passou então a ser designada como "Fortaleza Velha", constituindo uma cidadela intramuros da cidade.

Entre o final da década de 1560 até cerca de 1590, várias foram as alterações introduzidas na defesa. Na parte da cerca da cidade voltada ao mar, construiu-se o baluarte de São Pedro, também denominado como "Couraçada". A extremidade norte da cerca passou a terminar no baluarte de São Domingos e a extremidade sul no de Santiago, ligados por uma paliçada. No centro da paliçada pelo lado sul foi erguido o baluarte das Onze Mil Virgens. O perímetro murado da cidade totalizava então 1310 braças. Quatro portas davam acesso ao recinto fortificado, uma de cada lado. As mais usadas eram a Porta da Alfândega, que dava acesso à ponte sobre o rio de Malaca, e a Porta de Santo Antônio, a leste do baluarte das Onze Mil Virgens.

Pouco se conhece sobre a intervenção do milanês Giovanni Battista Cairati, arquiteto-mor de Portugal no Oriente sob o reinado de Filipe II de Espanha (1580-1598). Em 1588 esteve em Malaca para inspecionar as obras que ali se executavam. Introduziu melhorias e projetou estruturas que não chegaram a ser executadas, quer pelos elevados custos das obras de defesa, quer porque a zona voltada para o mar oferecia uma defesa natural então considerada suficiente. O projeto figurava presumivelmente num desenho de Manuel Godinho de Erédia, datado de 1604 que, não correspondendo às estruturas defensivas que a cidade então possuía, contém algumas das mais recentes inovações em matéria de arquitetura militar.

Nos últimos anos de domínio português, Malaca foi transformada numa Praça-forte quase inexpugnável, convicção que era partilhada pelos neerlandeses. Assim, nos anos que se seguiram, assistiu-se a um permanente assédio das forças da Companhia Neerlandesa das Índias Orientais a este território, que se iniciou em 1606 sob o comando de Matelief, a quem se opôs heróicamente André Furtado de Mendonça.

Os melhoramentos então introduzidos devem ter sido da responsabilidade de António Pinto da Fonseca, que chegou a Malaca em 1615 como visitador e inspetor-geral das fortalezas da Índia e que ali permaneceu, vindo a falecer em 1635, tendo ocupado diferentes cargos no governo da praça. A maior parte da cidade era então defendida por uma cerca de pedra e cal com vinte pés de altura e seis baluartes capazes de absorver o impacto da artilharia agressora, nomeadamente após a construção, no ângulo leste, de um baluarte de grandes dimensões sob a invocação da Madre de Deus. Parte do perímetro da cerca da cidade possuía então contra-muro e, em determinadas seções foram erguidas plataformas que permitiam os tiros da artilharia em diferentes direções.

Frequentemente ameaçada, posteriormente o perímetro da cidade também foi amuralhado, reforçado por seis baluartes.

 
O domínio Neerlandês

A praça-forte caiu em janeiro de 1641 no contexto da Guerra Luso-Neerlandesa, diante de uma força de 3000 homens a serviço da Companhia Neerlandesa das Índias Orientais, sob o comando de Caatekoe. A pequena guarnição portuguesa de 260 homens foi forçada a capitular, após um assédio de cinco meses, quando já não possuía alimentos, munições, e nem hipótese de ser socorrida.

A Fortaleza de Malaca sob o domínio neerlandês

Tal como os portugueses haviam feito 130 anos antes, os neerlandeses deram prioridade à reparação da fortaleza e à introdução de melhorias no poder de fogo como se lê no relatório do Governador Balthasar Bort de 1678. Já haviam renovado a porta que nos subsiste hoje, conforme a inscrição epigráfica que registra "ANNO 1670" sobre o seu arco. Encimando essa inscrição encontra-se a pedra de armas da Companhia Neerlandesa das Índias Orientais.

 
O domínio britânico

A praça mudou de mãos uma vez mais, em 1795, quando os neerlandeses o entregaram aos ingleses para impedir que caísse nas mãos do expansionismo francês de Napoleão Bonaparte. Em 1807, o Governador inglês, William Farquar, ordenou a demolição da fortificação, a pretexto das elevadas despesas da manutenção e, afirma-se, para prevenir que ela fosse utilizada contra os interesses britânicos na região. 

Nesse momento as defesas foram mais uma vez testadas, uma vez que centenas de trabalhadores não conseguiriam partir nem remover as antigas pedras, tendo sido necessário recorrer a explosões consecutivas que, uma testemunha ocular, descreve deste modo: "...pedaços do forte tão grandes como elefantes, foram pelos ares e caíram ao mar". Por intervenção oportuna de Thomas Stamford Raffles, fundador de Cingapura e grande apaixonado pela história, que visitou Malaca em 1810, esta pequena porta foi poupada da destruição.

Ruínas da Porta de Santiago na Fortaleza de Malaca

 
Descobertas arqueológicas
 
Em junho de 2003, uma estrutura, denominada como "Bastião de Santiago", foi descoberta durante as escavações para a construção do Dataran Pahlawan.

Em fins de novembro de 2006, durante os trabalhos de escavação de uma torre giratória de 110 metros de altura na parte antiga da cidade, veio à luz um trecho do que se acredita tenha sido o antigo "Bastião de Middelburgh". Dada a importância da descoberta, a construção da torre foi adiada indefinidamente. As autoridades museológicas de Malaca acreditam que a estrutura tenha sido erguida pelos neerlandeses, durante o seu período de ocupação, entre 1641 a 1824.


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segunda-feira, 15 de maio de 2017

I ENCONTRO DO LABORATÓRIO DE HISTÓRIA MILITAR E FRONTEIRAS DA UNIVERSO

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Caros amigos e amigas, 

Na próxima 5ª feira, dia 18, acontecerá o I  Encontro do Laboratório de História Militar e Fronteiras da Universidade Salgado de Oliveira, em Niterói-RJ, com o tema Dimensões da História Militar.

Inscrições no local. Haverá emissão de certificado.

Participem, nos sentiremos honrados com a presença de vocês.


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sábado, 13 de maio de 2017

SIMÓN BOLÍVAR DERROTA OS ESPANHÓIS NA VENEZUELA

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Em 24 de junho de 1821, Simón Bolívar comandou o exército de rebeldes sul-americanos que derrotou os espanhóis em Carabobo, perto de Caracas, na principal batalha pela independência do país.


Por Norbert Ahrens


A luta pela independência das colônias e vice-reinos espanhóis na América do Sul já durava 12 anos quando o rei da Espanha, Fernando VII, decidiu enviar reforço europeu para as suas tropas, no início de 1821. O inimigo a ser derrotado chamava-se Simón Bolívar, comandante que superava os espanhóis em determinação e, se necessário, em brutalidade.

Oriundo de família aristocrata criolla, José Antonio de la Santíssima Trindad Simón Bolívar y Palácios (1783-1830) ficou conhecido como El Libertador das colônias espanholas da América do Sul. Educado por um discípulo de Jean-Jacques Rousseau, passou a juventude na Espanha e França, onde acompanhou movimentos revolucionários.


"Guerra até a morte"

Ele retornou à Venezuela em 1807 e iniciou atividades anticoloniais clandestinas. Em 1813, entrou com suas forças em Caracas, onde foi recebido como libertador, mas em seguida enfrentou oposição, sendo levado a refugiar-se na Jamaica. Lá escreveu a célebre Carta da Jamaica, em que expôs as razões da emancipação americana.

De volta ao continente, obteve brilhantes vitórias militares e tornou-se capitão-geral dos revolucionários no norte da América do Sul. Na manhã de 24 de junho de 1821, comandou 5 mil patriotas e um pequeno batalhão de soldados britânicos que enfrentaram cerca de 7 mil espanhóis na planície de Carabobo, cerca de 100 quilômetros a sudoeste de Caracas, na principal batalha pela independência da Venezuela.

Simón Bolivar, El Libertador


Segundo Salvador de Madariaga, historiador espanhol, o exército da Espanha controlava Carabobo e o vale por onde os separatistas queriam chegar à planície. Bolívar foi informado, porém, da existência de uma trilha pouco usada, por onde enviou, sua cavalaria. Comandada pelo major José Antonio Páez, esta surpreendeu os espanhóis pelas costas, exatamente no momento em que Bolívar os atacava pela frente. Os espanhóis entraram em pânico e fugiram para não se tornar prisioneiros de guerra.


Consagração do mito

Cinco dias depois, El Libertador entrou pela segunda vez vitorioso em Caracas. A batalha de Carabobo consolidou o mito de Simón Bolívar, mas ainda seriam necessários mais cinco anos de lutas até a vitória decisiva sobre os espanhóis.

A revolta contra a metrópole fora desencadeada pela Revolução Francesa e foi favorecida pela ocupação da Espanha por Napoleão Bonaparte. "Nesse outono do reinado espanhol, governadores e vice-reis começaram a cair como folhas secas", escreveu Madariaga.

À frente de seu exército, Bolívar atravessou a Cordilheira dos Andes, tomou Bogotá e proclamou a República da Colômbia (união da Venezuela e Nova Granada), da qual foi eleito presidente. Ele comandou também as guerras de independência do Equador, Peru e Bolívia. Em 1826, era o chefe supremo do Peru e acumulava a presidência da Colômbia e da Bolívia.

Embora admirasse pessoalmente os feitos militares de Bolívar, o monarquista Madariaga não perdoou que o "Libertador tenha derrubado o império espanhol".

A máxima de Bolívar — "guerra até a morte" — foi uma realidade constante em sua vida. Em 1830, diante dos conflitos separatistas internos, abandonou o poder e se retirou para Santa Marta, na Colômbia, onde morreu de tuberculose antes de completar 48 anos. Santa Marta havia sido exatamente a cidade que por mais tempo permanecera fiel à coroa espanhola.


Sonho de um bloco hispânico unido

"A América é nossa pátria. Nossos inimigos são os espanhóis. Nossa bandeira é a independência; nosso objetivo, a liberdade." Assim Bolívar sintetizava seu pensamento libertário. Seu grande sonho era criar uma nação latino-americana que integrasse os hispano-americanos com os luso-americanos, como um bloco equivalente à América Saxônica. Mas morreu sem ver realizado esse sonho: a América Hispânica dividiu-se num grande número de pequenas de nações.

Em seus últimos dias de vida, Bolívar só colheu decepções, como descreve Eduardo Galeano, no livro As caras e as máscaras. "Nas ruas de Lima estão queimando sua Constituição os mesmos que lhe tinham dado de presente uma espada cheia de diamantes. Aqueles que o chamavam ‘Pai da Pátria’ estão queimando sua efígie nas ruas de Bogotá. Em Caracas, o declaram, oficialmente, ‘inimigo da Venezuela’. Lá em Paris publicam artigos que o infamam; e os amigos que sabem elogiá-lo não sabem defendê-lo... Bolívar, pele amarela, olhos sem luz, tiritando, delirando, baixa pelo Rio Magdalena rumo ao mar, rumo à morte."


Fonte: DW


segunda-feira, 8 de maio de 2017

CONFERÊNCIA EM PORTO ALEGRE - MORTE, MUSEU E HISTÓRIA

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CONHEÇA A COMANDANTE QUE DISPAROU OS MÍSSEIS TOMAHAWK CONTRA A SÍRIA

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Em tempos em que se discute o papel da mulher como combatente nas forças armadas e de efervescência no movimento feminista, vale a pena conhecer a trajetória de Andria Slough, comandante do destróier USS Porter, uma das belonaves que lançou os mísseis Tomahawk contra instalações militares da Síria.


No último dia 7 de abril os EUA lançaram um ataque com mísseis Tomahawk contra a Síria pela primeira vez desde que a guerra civil naquele país começou há seis anos, tendo como alvo a base aérea de Shayrat perto de Homs (imagem acima). Os EUA alegaram que esse foi o local a partir do qual as forças sírias lançaram um ataque químico contra a cidade de Khan Sheikhun, na capital rebelde, dias antes.

A comandante do USS Porter - um dos dois destróieres da Marinha que lançaram os mísseis de cruzeiro - é uma graduada da Academia Naval de Annapolis da turma de 1998. A Comandante (no Brasil, posto equivalente a capitão-de-fragata) Andria Slough se formou na academia com diploma de bacharel em engenharia oceânica e comanda o destróier lançador de mísseis guiados USS Porter (DDG-78) desde 28 de janeiro de 2016, sendo a primeira mulher a liderar o navio. 

O destróier lançador de mísseis guiados USS Porter (DDG-78), da Classe Arleigh Burke, com capacidade para operar o sistema de mísseis balísticos AEGIS,

O presidente Donald Trump ordenou ao destróier, juntamente com o USS Ross (DDG-71), que lançasse 59 mísseis de cruzeiro Tomahawk em resposta a um ataque com armas químicas contra civis sírios no início desta semana. Os mísseis atingiram uma base aérea, onde os militares sírios supostamente lançaram armas químicas contra seu povo.

Durante sua carreira no mar, desenvolvida quase que integralmente a bordo de destróieres, Andria Slough serviu como oficial de centro de informações de combate, auxiliar e oficial de eletricidade no USS O'Brien (DD-975). Posteriormente também trabalhou como oficial de armamento no USS The Sullivans (DDG-68); oficial imediato e comandante do navio-varredor USS Defender (MCM-2) e oficial imediato no próprio USS Porter.

A Comandante Andria Slought, com ampla experiência de serviço em destróieres, foi a primeira mulher a comandar o USS Porter e, atuando na linda de frente de combate das forças armadas dos EUA, disparou os mísseis Tomahawk contra alvos militares na Síria.

Quando desembarcada, a Comandante Slough serviu no Centro de Treinamento e Preparação de AEGIS (sistema defensivo de mísseis balísticos) em Dahlgren, Virgínia, e como instrutora técnica para comandantes e oficiais imediatos. Participou do desenvolvimento inicial da capacidade de Defesa de Mísseis Balísticos AEGIS e chefiou a Força-Tarefa LCS/DD (navios de controle do litoral e destróieres). Transferida para a sede do Comando Central dos EUA em Doha, Catar, atuou no Centro de Coordenação da Força das Forças Amigas como Oficial de Operações Navais. Serviu, ainda, como Diretora-Adjunta de Operações Marítimas da Defesa de Mísseis Balísticos Marítimas e Treinamento, do Escritório do Programa de Defesa de Mísseis Balísticos da AEGIS.

A formação da Comandante Slough inclui um Mestrado em Políticas Públicas e Administração, com concentração em Estudos de Segurança e Inteligência, da Universidade de Pittsburgh, e qualificação como um Oficial de Serviço Conjunto. Seus prêmios pessoais e condecorações incluem a Medalha de Serviço Meritório da Defesa, a Medalha de Serviço Meritório, prêmio de Piloto de Navios da Frota do Pacífico do Ano e o Prêmio de Liderança Vice-Almirante John D. Bulkeley. 

Fotografia aérea analisando o resultado dos ataques contra a base aérea síria de Shayrat.


Fonte: US Navy e The Capital Gazette


domingo, 7 de maio de 2017

V ENCONTRO DE ESCRITORES E JORNALISTAS DE AVIAÇÃO

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Vem aí o V Encontro de Escritores e Jornalistas de Aviação, promovido pela APVE-Associação de Pioneiros e veteranos da EMBRAER.  As inscrições já estão abertas.

Nesta edição, o editor do Blog Carlos Daroz-História Militar participará com os livros Um céu cinzento: a história da aviação na revolução Constitucionalista de 1932 e O Brasil na Primeira Guerra Mundial - A longa travessia.

Participe e conheça mais sobre a história e a atualidade da aviação no Brasil e no mundo.




quinta-feira, 4 de maio de 2017

UM NOVO UNIFORME PARA UM EXÉRCITO NOVO

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Depois da vitória em 1945, mudança de atitude em relação às tropas se refletiu também no estilo das roupas.

Por Alexandr Verchínin


Em 1946, o Exército Vermelho, que tinha acabado de vencer a Alemanha na Segunda Guerra Mundial, passou a se chamar oficialmente soviético. Com a mudança de nome, o Exército deixou de ser visto como uma força armada da “futura revolução comunista mundial” e adquiriu o estatuto de forças armadas nacionais do Estado soviético. Mas este processo teve início ainda durante a guerra.

A introdução de platinas (insígnia de ombro) foi um claro retorno às tradições do antigo Exército russo. Depois da vitória militar em 1945, a maior já obtida pelas forças armadas da Rússia, era inevitável uma mudança de atitude em relação às tropas.

Naquele mesmo ano, os generais soviéticos receberam um novo uniforme de gala – um jaquetão azul-esverdeado fechado com abotoamento duplo. A cor dele foi logo apelidada de "tsarina", em referência à cor popular no Exército imperial, antes da Revolução de Outubro. Os punhos da jaqueta levavam agora um bordado de ouro e prata – mais uma referência clara ao tempo dos tsares.

O uniforme tinha, contudo, um detalhe característico: o botão de cima era removível para facilitar a colocação das condecorações. No final da guerra, um líder militar soviético comum acumulava tantas que mal cabiam no peito.

Os sargentos e soldados do Exército soviético não tiveram alterações no uniforme depois de 1945 – a vestimenta já era tão prática em condições de combate que não havia motivo nenhum para deixar de usá-la.


Uniforme pós-Stalin

Uma revisão mais séria dos uniformes militares começou a ser feita somente depois da morte de Stalin e foi iniciada pelo marechal Jukov, um herói da guerra. As alterações mais importantes foram feitas nos uniformes dos oficiais superiores, dos generais e marechais.

A principal delas foi a transição da tradicional túnica fechada para outra com novo corte e aberta. Debaixo dela usava-se camisa branca com gravata, e folhas de carvalho bordadas e ouro e prata no colarinho. No nó da gravata os marechais tinham uma grande estrela, uma insígnia especial de distinção da mais alta patente militar. Eles também recebiam o cinturão com fios de ouro e a adaga do traje cerimonial.

O quepe dos oficiais também sofreu alterações. O tamanho da copa aumentou e foi fixado um emblema de estrela vermelha cercada por espigas douradas. Esse item do uniforme se manteve praticamente inalterado até o final das forças armadas da União Soviética e ao aparecimento dos novos símbolos do Exército russo moderno.

O quepe dos oficiais passou a ter abas mais largas


O uniforme de campo e diário dos oficiais sofreu menos alterações: com o tempo, a túnica fechada foi dando espaço à aberta. Quando estava quente, os oficiais tinham permissão para usar apenas a camisa e gravata cáqui. O quepe com copa aumentada também passou a ser cada vez mais comum no serviço comum diário.

Depois da guerra, os oficiais começaram a voltar de bom grado à tradição pré-revolucionária de enfeitar partes da jaqueta com bordado a ouro – isso era elegante e ressaltava a dignidade dos oficiais. No entanto, tiveram que voltar a adotar os botões e platinas em cor cáqui já em 1956. A repressão da revolta húngara havia mostrado que os botões dourados continuavam sendo um alvo fácil para os snipers.


Perdas e ganhos

Em 1969, os soldados e oficiais soviéticos voltaram pela última vez a receber um novo uniforme. Até então, o uniforme de campo dos soldados havia sofrido poucas alterações. O soldado comum soviético continuava a se parecer com aquele que combateu na Segunda Guerra Mundial.

Foi às vésperas da década de 1970 que ocorreu a maior transformação no uniforme: perdeu a “guimnastiôrka” (tipo de camisa sem abertura comprida e larga), que até então era considerado o seu principal elemento desde os tempos dos czares. Isso porque essa peça apresentava um defeito nas condições da guerra moderna: tinha que ser vestida e despida pela cabeça. A “guimnastôrka” tinha então de ser rasgada.

guimnastiôrka, tradicional camisa fechada utilizada pelos soldados desde o tempo dos czares, foi substituída por uma túnica aberta


No caso de o soldado se encontrar em uma área afetada por radiação nuclear, isso representaria um perigo para a sua saúde. Por isso a liderança do Exército propôs introduzir, em seu lugar, a túnica, que podia simplesmente ser desabotoada.

As calças dos soldados passaram a ser menos ‘ensacadas’, enquanto a boina “pilotka”, um atributo do Exército Vermelho durante a Segunda Guerra Mundial, foi preservado, bem como as botas enceradas.

 
Soldado soviético durante a 2ª Guerra Mundial utilizando a guimnastôrka

Soldado do Exército soviético do pós-guerra: novo capacete, nova túnica e novas insígnias



O uniforme era confeccionado de tecidos de algodão ou com mistura de lã, já que era prático para a variabilidade climática da União Soviética. Para aqueles que serviam o exército nas regiões quentes da Ásia Central foi desenvolvido um uniforme especial: chapéu tipo panamá com abas para substituir a “pilotka”, e sapatos em vez de botas.

Também surgiram pela primeira vez nas unidades de infantaria a “telniachka” –  camisa interior de listras horizontais que se vestia por debaixo da túnica. Para distinguir a especificidade das tropas de paraquedistas, as listras da camisa eram azul-celeste.

O uniforme do paraquedista soviético – jaqueta curta, calças, cuja bainha ficava presa dentro das botas, boina e a tal camisa listrada – sobreviveu ao próprio Exército soviético e hoje se mantém, com algumas alterações, no Exército da Rússia moderna.

Fonte: Gazeta Russa